Snow Country (1957) de Shiro Toyoda: ****
Bastante competente na recriação de uma das obras-primas de Yasunari Kawabata, Shiro Toyoda revela aqui uma faceta pela qual é conhecido no Japão (só vi dois jidai-gekis mais tardios dele), a de traçar os problemas conjugais, as tropelias e os amores ardentes. Fez-me lembrar certos filmes de Mikio Naruse, mas menos pessimista no tom.
A Certain Killer (1967) de Kazuo Mori: ***
O artesão da Daiei Kazuo Mori pegou num argumento de Yasuzo Masumura e trouxe-nos este thriller de espionagem com um Raizo Ichikawa talentoso como sempre. Ainda assim, e tendo em conta o ano (Branded to Kill), poderia ter sido melhor explorado nas cenas de espionagem propriamente dita, algo que o próprio Masumura tinha feito um ano antes com o excelente Nakano Spy School.
A Ghost Story of Peonies and Stone Lanterns (1968) de Satsuo Yamamoto: ****
Baseado num conto tradicional, com argumento de Yoshitaka Yoda: o habitual mizoguchiano e realizado pelo esquerdista Satsuo Yamamoto, este é um filme bastante competente com imensas ideias imagéticas interessantes e uma quantidade considerável de planos terríficos.
The War of the 16 Year Olds (1973) de Toshio Matsumoto: ****
Finalmente o elo perdido da curta, mas empolgante filmografia do experimentalista Matsumoto! Esta é uma onírica experiência, sem ser necessário aquele ambiente mais pesado, crepuscular e de pesadelo que a sua geração e ele próprio nos habituou, conseguindo contar uma disjunta narrativa com um ou outro apontamento de se tirar o chapéu. No compêndio geral, é bastante bom e faz-nos lidar com a narrativa e com os personagens intuitivamente, sem cair no obscurantismo total.
Kyoshi Mejika (1978) de Chusei Sone: *
Chûsei Sone provou ser um dos melhores realizadores pink de sempre. Mas não com este filme...
Ore Wa Sion Sono Da! (1985) de Sion Sono: 0
Depois de quase 10 minutos a ouvir o jovem "génio" Sono a imitar um esquizofrénico enervante, e depois de ouvi-lo aos gritos e aos gemidos enquanto alguém lhe corta o cabelo, qualquer tipo de pretensão poética custa a engolir. Se este ridículo filme tivesse sido perdido, não molestava ninguém.
The Room (1992) de Sion Sono: **
Um exercício formal baseado na rigidez dos planos e na sua longa duração (nem parece ser realizado por quem é). O ambiente evoca um certo nada, cansaço da vida num cenário, por sua vez, quase irreal e quase quotidiano.
Molestor's Train: Dirty Behavior (1993) de Hisayasu Sato: ****
Caros cinéfilos, não se enganem pelo título. Este é um Sato demoníaco que nada tem que ver com violações fáceis metropolitanas! Um pesadelo claustrofóbico e sensacional!
Closing Time (1996) de Masahiro Kobayashi: **
Começa muito bem e vai perdendo fôlego até se tornar numa colagem de sketches pouco significativa.
Keiko Desu Kedo (1997) de Sion Sono: **
Algumas ideias visuais de realçar que demonstram criatividade (ou o que quer que isso seja). No entanto, a premissa torna-se repetitiva e mesmo com uma hora, o filme parece durar duas.
Into a Dream (2005) de Sion Sono: *
Básico e superficial - com intenções de desprendimento e abertura artística - este é mais um filme de Sono Sion que prova que o famigerado realizador tem mais "misses" do que "hits".
Yellow Kid (2009) de Tetsuya Mariko: ***
Este projecto final de curso é bastante mais do que um exercício académico, pois apresenta já uma visão bastante negra do mundo, com personagens destroçadas e sem futuro, tentando, nos seus respectivos ofícios, superar a angústia. Ainda precisa de maturação, mas relembrem o nome de Tetsuya Mariko.
Love & Loathing & Lulu & Ayano (2010) de Hisayasu Sato: ***
É verdade que Sato facilitou o seu discurso fílmico para alcançar um público mais abrangente, mas isso não muda o facto de que este é um filme bastante audaz, corajoso (tendo em conta o realizador) e que, apesar das suas imperfeições, é bastante recomendável.
Thirteen Assassins (2010) de Takashi Miike: **
A recriação da obra homónima de Eiichi Kudo tinha sido já duvidosa na altura da sua concepção, mas Miike, embora não manche totalmente o original (esperamos bem pior com Harakiri em 3D), não lhe acrescenta nada mais, se o faz, fá-lo pior. Acho curioso que este filme tenha estado na boca do mundo e em muitos Top's 2010, quando afinal é uma cópia (até do ritmo!) do filme de 63, exceptuando uma simplificação imagética, bastante mais linear do que a do original, e uma ou duas parvoíces "gore" para salvaguardar, ainda que timidamente, o seu público desiludido que boceja a cada sua nova obra. Um pormenor quanto à mítica batalha final: não é que a versão de Kudo se afigura mais moderna, a despeito dos quase 50 anos de distância entre as duas obras?
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