Cruel Tales of Bushido (1963) de Tadashi Imai: *****
Há
bastante tempo que esperava poder vir a contemplar um filme de Tadashi
Imai, o realizador socialista nipónico por excelência. E nada melhor do
que este estudo genealógico ao inconsciente colectivo japonês. A
obediência cega levada ao extremo da crueldade entre os senhores e os
escravos, e a sublimação desse carácter num esquema repetitivo e atávico
ao longo das gerações, levam-nos a um pathos desesperante no qual só os últimos planos complementam a esperança de no presente a maldição conseguir ser quebrada.
The Age of Assassins (1967) de Kihachi Okamoto: ****
Fantástico filme-bomba de Okamoto. No words needed! Pura Farra!
Fantástico filme-bomba de Okamoto. No words needed! Pura Farra!
The Devils Temple (1969) de Kenji Misumi: ****
Um
grande cast (Shintaro Katsu, Hideko Takamine, Kei Sato, Michiyo
Aratama) reunido num filme curto mas bastante intenso, baseado num conto
de Junichiro Tanizaki, com um argumento escrito pelo grande Kaneto
Shindo. Grandes momentos num confronto de pureza e vício. Viva Misumi.
Summer Soldiers (1972) de Hiroshi Teshigahara: ***
Só
agora é que consegui ver este filme de Teshigahara. Sendo a sua obra
mais atípica, não é de estranhar que a câmara perca aqui a sua gravidade
formal e se liberte mais, filmando o quotidiano enclausurado dos G.I
desertores americanos, inclusive com monólogos diante da câmara. Naquilo
que é um cruzamento com cinema verité e ficção (assemelhando-se. portanto, bastante mais à Nouvelle Vague
Francesa do que propriamente com os pesadelos à Japonesa), Teshigahara
sai-se bem, documentando com uma certa liberdade o desespero que a
ausência da guerra pode provocar àqueles que sempre viveram com ela.
The Music (1972) de Yasuzo Masumura: ****
Mais
um ATG digno de referência e veneração. Desta vez, Masumura filma como
Mishima escreve: psicanalíticamente. Quadro de uma patologia, Masumura
filma uma mulher complexa, criando uma sessão colectiva de psicanálise
onde as imagens do delírio e as mentiras ressentidas e recalcadas vão-se
enredando numa trama quase policial. Muito bom!
The 19 Year Old's Map (1979) de Mitsuo Yanagimachi: ****
Depois da lição de cinema que é Himatsuri
(1985), fica-nos disponível mais uma obra de Mitsuo Yanagimachi,
baseada, noutro escrito violento de Kenji Nakagami. Não é estranho, por
isso, que nos seja servido aqui mais um daqueles filmes tipicamente
niilistas e angustiados da juventude do final dos anos 70, princípio de
80. Pelo seu melancólico slow-pace fez-me lembrar Sado de Yoichi Higashi e pela sua violência contida, anti-social e monstruosa, Youth Killer
de Kazuhiko Hasegawa (outro filme baseado num romance de Kenji
Nakagami). Há um comentário no IMDB que penso fazer justiça à mensagem
sombria deste tipo de filmes, do qual este não é excepção (e se tanto Sado como este 19 Year Old Map acabam com os personagens a correr febrilmente não é por acaso): We can neither live happily nor kill ourselves. We must keep running...
Pig Chicken Suicide (1981) de Yoshihiko Matsui: *
Eis que surgiram legendas para o percursor temático de Noisy Requiem, só que ao contrário deste último, Pig Chicken Suicide
é um exercício excessivo de paciência não só face à narrativa disjunta,
no limite do incompreensível, mas também (pasme-se) face ao próprio
horror e repulsa que se assiste a toda hora. Igualmente centrado na
discriminação e no amor extremo (uma versão contemporânea do amour-fou), Pig Chicken
deixa-se levar por excessivos e exíguos experimentalismos (sendo, em
grande parte, desnecessárias e gratuitas várias cenas de mortes de
animais, etc.), tornando-se, assim, numa pequeníssima obra comparada à
genialidade grandiosa de Noisy Requiem. Só alguns planos mais arrojados é que fazem, ainda assim, adivinhar a capacidade destrutiva do cinema de Matsui.
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