20/12/18

Fragmentos de 2018, Novembro-Dezembro

A incapacidade da mão acompanhar os olhos, da reflexão acompanhar a visão, mostrou-se capital para o longo interregno deste blogue de pequenos apontamentos sobre filmes japoneses. No entanto, os nossos olhos continuam a ver. Por isso, a dia 20 de cada mês voltaremos a tornar públicas somente as notas dos nossos visionamentos mais recentes. 


Midnight Fairy (1973)


Tarao Bannai - The Man of Seven Faces (1960) de Shigehiro Ozawa: *
New Tale of the Genji (1961) de Kazuo Mori: ***
Tange Sazen and the Princess (1961) de Sadatsugu Matsuda: **
Tales of Young Genji Kuro 3 (1962) de Daisuke Ito: **
The Third Contest (1965) de Tetsuya Yamauchi: ***
Gambler's Luck (1966) de Yoji Yamada: ***
Seven Gamblers (1966) de Shigehiro Ozawa: **
Delinquent Girl Boss - Tokyo Drifters (1970) de Kazuhiko Yamaguchi: **
Delinquent Girl Boss - Ballad of Yokohama Hoods (1970) de Kazuhiko Yamaguchi: *
Narita - The Peasants of the Second Fortress (1971) de Shinsuke Ogawa: *****
Midnight Fairy (1973) de Noboru Tanaka: ****
Black Panther Bitch M (1974) de Koretsugu Kurahara: *
The Key (1974) de Tatsumi Kumashiro: ****
13 Steps of Maki (1975) de Makoto Naito: **
Rope Hell (1978) de Koyu Ohara: *
The Legend of the Stardust Brothers (1985) de Macoto Tezuka: **
Knockout (1989) de Junji Sakamoto: ****
Revenge (1999) de Kosuke Suzuki: ***
Devilman (2004) de Hiroyuki Nasu: 0
Control Tower (2011) de Satoshi Miki: **
The Magnificent Nine (2016) de Yoshihiro Nakamura: *
Mr. Long (2017) de Sabu: ***
50 First Kisses (2017) de Yuichi Fukuda: 0
Blank 13 (2017) de Takumi Saitoh: **
Principal: Am I a Heroine Who is in Love? (2018) de Tetsuo Shinohara: 0
After the Rain (2018) de Akira Nagai: **
Laughing Under the Clouds (2018) de Katsuyuki Motohiro: 0
Planetist (2018) de Toshiaki Toyoda: **
When I Get Home, My Wife Always Pretends To Be Dead (2018) de Toshio Lee: *
Asako I & II (2018) de Ryusuke Hamaguchi: ***
Shoplifters (2018) de Hirokazu Koreeda: ****
Call Boy (2018) de Daisuke Miura: **
The Scythian Lamb (2018) de Daihachi Yoshida: ***
Dynamite Graffiti (2018) de Masanori Tominaga: ***
Forgotten Planets (2018) de Takayuki Fukata: *
Jesus (2018) de Hiroshi Okuyama: **
Last Hold! (2018) de Yukinori Makabe: 0
Last Winter, We Parted (2018) de Tomoyuki Takimoto: *
Chihayafuru Part III (2018) de Norihiro Koizumi: **
The Kamagasaki Cauldron War (2018) de Leo Sato: ***
Melancholic (2018) de Seiji Tanaka: ***
Laplace's Witch (2018) de Takashi Miike: 0

Fragmentos de 2016/02/02




The Whale God (1962) de Tokuzo Tanaka: ****
Naquela que é a versão japonesa de Moby-Dick, Tokuzo Tanaka afinca o talento fotogénico num filme que é um herdeiro da composição triangular de Akira Kurosawa. Mais importante do que a história de dois caçadores de baleias que competem pela fortuna e filha do chefe da aldeia é o modo como a câmara consegue dinamizar a presença dos corpos no plano, afirmando claramente que o significado pleno da imagem psicológica se alcança quando três entidades (corpos ou objectos) se relacionam no mesmo plano e dividem as intensidades hierarquicamente. Para alcançar essa composição triangular é necessário desenvolver a profundidade do campo (e como aqui Tanaka e Setsuo Kobayashi - director de fotografia de muitas obras de Kon Ichikawa ou Yasuzo Masumura - desenvolvem essa profundidade dava para várias lições de cinema) e distribuir os actores no plano sem forçar ou tornar demasiado abstracto o seu movimento. Nesse sentido, as duas presenças deste filme (Shintaro Katsu e Kojiro Hongo) são essenciais, pois a brutalidade de um e a finura do carácter de outro desenvolvem uma narrativa que, paradoxalmente, da vida à morte e da morte ao renascimento (e que cena poética essa em que o caçador, prestando as honras à caça, se torna ela mesma) os vai purificando.



Eyecatch Junction (1991) de Takashi Miike: 0
Lady Hunter - Prelude to Murder (1991) de Takashi Miike: 0
Os dois primeiros filmes de Takashi Miike são duas incursões nos géneros mais populares do V-Cinema: a comédia ligeira e o filme de acção. Lady Hunter, a primeira película filmada por Miike mas a segunda a ser lançada no mercado, narra a aventura de uma ex-militar que defende uma criança de uma organização criminosa que pode estar envolvida num escândalo político internacional. Já Eyecatch Junction conta com a presença de um grupo de mulheres polícia que quer desmantelar uma rede de prostituição ilegal enquanto abre a sua própria divisão policial feminina. Como seria de esperar, ambos os filmes são apenas curiosidades de percurso para o dedicado admirador miikiano e revelam-se pouco ou nada marcantes se vistos isoladamente ou no conjunto da sua filmografia. Lady Hunter tem um ou outro apontamento na edição que poderá lembrar-nos as introduções frenéticas que faria mais tarde e se o final pessimista pode ser inesperado, tudo o resto é bastante linear e até um pouco bocejante. Eyecatch Junction, por sua vez, revela não só um mau-gosto no humor, sempre básico e sem piada, como uma incapacidade para estabelecer uma atmosfera coerente. Desde gags cartoonescos a cenas sexuais com plásticos (e um fetichismo qualquer com uniformes de ginasta), não é por acaso que este filme ficou perdido no reino obscuro dos VHS.